Superação

'O câncer de mama me devolveu ao colo daqueles que são os mais importantes'

Há quem chame de destino. Ou de uma grande injustiça. O câncer de mama, para mim, foi uma oportunidade. Um tanto estranha, mas foi.

Enquanto eu trabalhava, pagava contas, planejava as férias de verão, fazia cursos, pensava no próximo corte de cabelo e em todos os sonhos que tinha aos 24 anos, a vida preparava outro caminho para mim.

O mês de março de 2012 se despediu deixando uma assustadora notícia: "É câncer de mama, Vanessa. Mas fica calma, tem momentos em que a gente precisa ter coragem". Lá se vão quase três anos, e nem mesmo o passar do tempo diminuiu a intensidade dessas palavras na minha memória.

Não havia outra opção a não ser enfrentar a doença. O tratamento é doloroso e debilitante. Acompanhar, gradativamente, a desconstrução da própria imagem e descobrir autoestima, vaidade e beleza mesmo estando careca, sem sobrancelhas, sem cílios. E aprender que uma mulher é muito mais que um monte de cabelo ou um par de seios.

Mente quem diz que é fácil. O meu nódulo era pequeno, tinha menos de três centímetros. Um tamanho considerado "bom" para tratamento. Mesmo assim, o pacote foi completo: duas cirurgias, quimioterapia, radioterapia, controle hormonal e exames a cada seis meses.

Mas se há dor, há também amor. O câncer de mama me devolveu ao colo daqueles que são os mais importantes. Pude sorrir diante da superação de cada etapa do tratamento. Descobri um mundo de lenços e chapéus. E muitos jeitos de usá-los. Desfrutei do sabor do prato mais delicioso, depois de dias sem poder sentir o gosto da comida. Eis a tal felicidade nos pequenos acontecimentos.

O que em 2012 era uma grande incerteza, hoje é orgulho. Sim, eu sobrevivi! É nisso que penso quando abro a janela todas as manhãs. Às vezes o céu está nublado, outras vezes, faz um lindo dia de sol. E eu ganho mais uma chance de abrir o portão e ir viver o mundo que está me esperando ali fora.

Cada vez mais jovens

Casos de jovens que desenvolvem o câncer de mama não são mais tão raros quanto no passado. O Instituto Nacional do Câncer (Inca) revela que subiram de 3% para 17% nos últimos anos.

O oncologista Juarez Chiesa e o mastologista João Nazareno da Silva Ethur sentiram a mudança em seus consultórios, em Santa Maria.

_ Os casos de câncer de mama entre jovens estão mais frequentes. E não só entre mulheres, mas também entre os homens. Muitos fatores podem contribuir para isso e fica difícil apontar todos. A diferença na qualidade de vida de antigamente para os dias atuais, que são mais estressantes, certamente está entre eles _ diz Chiesa.

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